segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Palavras para quê


Amar! Mas dum amor que tenha vida…
Não sejam sempre tímidos arpejos,
Não sejam só delírios e desejos
Duma doida cabeça escandecida…

Amor que viva e brilhe! luz fundida
Que penetre o meu ser – e não só beijos
Dados no ar – delírios e desejos –
Meu amor … dos amores que têm vida…

Sim, vivo e quente! E já a luz do dia
Não virá dissipá-lo nos meus braços
Como névoa de vaga fantasia…

Nem murchará do Sol à chama erguida…
Pois que podem os astros dos espaços
Contra uns débeis amores … se têm vida?
                             (Amor vivo, Antero de Quental)

Sem comentários: