terça-feira, 2 de julho de 2013

Optimus Primavera Sound

O verão começou e os festivais. A transição de Maio para Junho foi celebrada com o segundo ano do festival Optimus Primavera Sound no Porto. Como no ano anterior, apresentou um cartaz equilibrado e variado. Na primeira noite fomos seduzidos pela irreverência e ousadia de Nick Cave & The Bad Seeds, mais do que um músico autor foi um showman.


Na segunda noite o público ansiava por Blur, o grupo entrou no palco cheio de energia e sucessos na ponta da língua, acarinhou os fãs que responderam com generosidade. Foi empatia desde o primeiro minuto.


Outras bandas surpreenderam e diferenciaram-se pela presença em palco, originalidade, criatividade e qualidade do som, entre elas lideraram Grizzly Bear e Explosions In The Sky com um som limpo e claro. Local Natives e Nurse with wound foram uma descoberta agradável.





terça-feira, 16 de abril de 2013

reflexões de quem não tem sono e nada produtivo em vista... (9)


 
Quando olho pela janela vejo uma terra que não é a minha, as ruas que os meus pés estranham, pessoas distantes, o sol que não erradia a areia fina num final de tarde ao longo da marginal. Acompanho as vidas da qual já não pertenço através do facebook: reuniões, casamentos, nascimentos.
Reflito em inúmeros momentos o caminho percorrido, se valeu a pena. Tem dias. Em muitas dessas ocasiões, revisitando o passado e observando o presente, faria o mesmo. Noutras, a saudade é demasiado dolorosa. Hoje, não. Amanhã… não sei.

terça-feira, 26 de março de 2013


o teu rosto à minha espera, o teu rosto
a sorrir para os meus olhos, existe um
trovão de céu sobre a montanha.

as tuas mãos são finas e claras, vês-me
sorrir, brisas incendeiam o mundo,
respiro a luz sobre as folhas da olaia.

entro nos corredores de outubro para
encontrar um abraço nos teus olhos,
este dia será sempre hoje na memória.

hoje compreendo os rios. a idade das
rochas diz-me palavras profundas,
hoje tenho o teu rosto dentro de mim.

                                     (Amor, José Luís Peixoto)

terça-feira, 19 de março de 2013

Carta


Quando leres esta carta já terás 17 anos. Muitos te perguntarão que queres ser, que curso escolher. Todos te dirão o seu parecer e poucos serão sábios. Provavelmente sentir-te-ás encurralado, que ainda tens muito para ver e viver.
Segue o teu instinto, viaja antes de te matriculares na faculdade, se for esse o teu projecto. Arranja um emprego de verão, conhece outras culturas, outros mundos. Quando souberes o que queres fazer na tua vida então investe. Constrói um caminho que te orgulhes. Nos dias que correm não há empregos eternos, nem profissões certas. Se gostares do que fazes darás o teu melhor e conseguirás o que queres.
A facilidade nem sempre anda de braço dado com o sucesso. Não te tornes cínico ou ríspido perante as dificuldades da vida, ela também te sorri.
Terei sempre orgulho em ti e estarei sempre ao teu lado. Por vezes discordarei das tuas decisões, a ansiedade também pode ser paralisante. Vacilo por já não poder suster as tuas quedas, anseio proteger-te do mundo disforme.
Dir-me-ás que já és crescido, que te eduquei para percorreres o teu percurso com sensatez e audácia. Embora concorde, continuarei a preocupar-me em silêncio. O amor é assim.
Navega, deixa a tua marca em tudo o que fazes, não ignores o teu instinto e abraça as convicções. Observa e aprende, não sejas o primeiro a julgar. Sê leal a ti mesmo. Ambiciona mas não arrumes os teus princípios. Estarei sempre contigo, mesmo quando estás longe.
Com muito amor,
Mãe.
(D Pseudoink)

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada

De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra
(Com Fúria e Raiva, Sophia de Mello Breyner)