terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Anciã Ditosa

Um dia, à uns anos atrás, quando andava no 10º ano, um amiga minha desabafou que tinha um medo terrível de envelhecer, envelhecer significava estar num lar, sozinha, doente, confusa, esquecida, sem visitas e à espera da morte. Não soube que dizer, via a velhice de uma forma absolutamente encantadora, de cabelos brancos e óculos no inicio do nariz, numa cadeira de baloiço, a ler histórias aos meus futuros netos, a ler livros horas sem fim, a viajar por Portugal, sem obrigações nem preocupações. Bem sei que poderão pensar, coitada anda a ver muitos filmes… Bem, há um ano atrás, num café com a mesma amiga, a mesma temática emergiu. A minha amiga teme a velhice e seus receios acentuaram-se. Quanto a mim, só mudou a quantidade de netos e vejo-me com escassas obrigações relacionadas com a realidade do mundo ocidental, ou seja, periodicamente ir buscar os netos à escola, fazer um jantarinho para mais do que duas pessoas, concluindo continua a ser um quadro encantador. Penso que os meus avós contribuem para este esplêndido simulacro, embora a forma positiva, quase utópica, como analiso a realidade e o dia a dia seja um factor determinante.
(d Trintona)

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