domingo, 13 de maio de 2012

Poesia

     Uns dias atrás deparei com uma omissão imperdoável, passou despercebido o dia da poesia neste blog. Como pude cometer tamanha vileza? Em minha defesa, todos os dias são dias da palavra. Filha de pais de ideologia romântica cresci com a poesia. Foram incalculáveis os ensejos que a agulha do gira-discos circulou no vinil de Eunice Munoz citando Florbela Espanca. Ainda consigo com relativa precisão distinguir as velhas falhas que a agulha teima em vincar e os recentes estragos pela continuidade do uso. As palavras melancólicas prolongavam-se, sentidas, sofridas pela voz que só muitos anos depois associei a um rosto.
    Foi sagrada a hora em que João Villaret e Mário Viegas, durante anos, exerceram com magnificência a singela tarefa de incorporar e partilhar esta forma de arte. Podia bater o pé para não jantar, porém quando estes dois senhores figuravam no ecrã televiso, os 4 pares de os olhos fixavam o ecrã e o silêncio era mandatário.
    Mais tarde, Natália Luisa, Carmen Dolores e Luis Miguel Sintra frequentaram a minha sala amiúde com o Acontece. Foram estes grandes senhores que me ensinaram a gostar e a ler poesia. A minha gratidão e vénia aos poetas e aos porta-vozes que difundem esta forma de escrita com igual singularidade e dignidade.
     (d Pseudoink)

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