domingo, 22 de abril de 2012


Poderá andar-se metido num amor a contragosto?
Claro que sim.
Um amor a contragosto é um amor em relação ao qual o sujeito que o sofre palpita que está numa perspectiva catastrófica e que, em princípio, nada poderá fazer para evitar a catástrofe, que esta o espera no fim de tudo e se prepara para o mastigar sem contemplações, reduzindo-o a cisco.
“Reconquista-me!”, diz o objecto desse amor a contragosto, entremostrando-se e furtando-se logo de seguida. E o sofrente do amor a contragosto compraz-se (afinal com imenso gosto!) em esfalfar-se e em arruinar-se nessa descida aos inferninhos do amor infeliz.
                                                               (Uma coisa em forma de assim, Alexandre O´Neill)

Sem comentários: