segunda-feira, 19 de março de 2012

O Amor?

   
    Como rabiscar sobre algo que os grandes poetas, filósofos e escritores já dissertaram. Como escrever sem parecer ridícula ou displicente sobre um sentimento vivido de forma tão distinta como uma impressão digital, sem julgamentos ou certezas, sem o diminuir ou sobrevalorizar? Só reflectindo o que vi e interpretei, as pequenas pérolas que no mundo actual me fazem acreditar e proteger este sentimento que “arde sem se ver”, que nos enlouquece ou torna os loucos sãos, os mais corajosos em cobardes e os cobardes heróis, que é vadio e selvagem. Não tem regras nem as quer respeitar.
    Amor, para mim, é quando vejo o meu avô aos 80 anos a aprender a cozinhar para ajudar a minha avó, ou quando são apanhados a beijarem-se às escondidas. Também está presente na ternura com que ele aquece o lado da cama da minha avó nos dias frios.
    É quando dois jovens amam-se tanto que têm de se separar porque também se ferem com a mesma intensidade, tornando-se altruístas.
    Observa-se a viva chama deste sentimento quando após 70 ou mais anos de casados, uma senhora idosa enfraquecida, apoiada numa bengala, e, embora demore uma hora de casa para o hospital, vai todos os dias dar um beijo envergonhado na boca do marido, ajudar no almoço, lanche e jantar, e nos intervalos ficam de mão dada. Ele só a reconhece por períodos e ela, enquanto o marido dorme, conta histórias dos dois quando eram jovens com um brilho no olhar e uma saudade dolorosa. Depois do jantar vai para casa sozinha com a sua bengala, de volta ao casulo de recordações.
    O amor está nas pequenas acções, pequenos gestos que compensam a luta do dia-a-dia, no mundo que parece ruir a nossa volta, porém a casa mantém-se de pé. É quando um pai ao ver a mãe derreada de um dia de trabalho, pede, em segredo, aos filhos para comprarem o gelado preferido da esposa. Os filhos ficaram com o crédito e o pai comtemplou a felicidade com que a mãe o saboreou. 
    Na minha modesta e empírica opinião o amor não torna o mundo perfeito, apenas o torna tolerável, vivível.

2 comentários:

El Patronito o Ardina disse...

Gostei muito. Acho até que é o melhor deste blog não desfazendo dos outros post's claro.

Continua assim supera-te todos os dias.

El Patronito o Ardina

pseudoink disse...

mto obrigada pela força, reforço e apreço :)