sábado, 28 de maio de 2011

Do cobertor à leitura, ou vice-versa

Tenho uma grande paixão, para alguns poderá também classificar-se como obsessão, ler. Quando leio sonho, amo, rio, sofro; vivo, como uma espectadora oculta, contudo presente no livro, o respectivo enlace ou desenlace, com uma intensidade tal que o seu término requer pelo menos dois dias de luto. Em cada livro fica armazenado um fragmento da minha alma. Como o cobertor do Linus em Charlie Brown, necessito deste escape que é ler.
Por vezes questiono-me desta necessidade e, embora raras ocasiões dedique à introspecção (pronto, pronto, inúmeras vezes, constantemente), determinado pensamento emerge lacerante – será o livro um nobre substituto para inexistente coragem de viver?
(d Trintona)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

"A indiferença dissolve a linguagem, baralha os sinais. És paciente e não esperas, és livre e não escolhes, estás disponível e nada te mobiliza. Não pedes nada , não exiges nada, não impões nada. "
(Georges Perec)

terça-feira, 17 de maio de 2011

reflexões de quem não tem sono e nada produtivo em vista... (3)

Ontem, quando decidi actualizar-me das novas tendências e afins, eis no que os meus olhos deparam: golfe para a casa de banho, perdoem-me é mais uma pequena amostra dada a sua dimensão. Efim, um engenho interessante e de utilidade discutível. Tiro o chapéu ao marketing que, inserido num meio de cultura perfeito - sociedade capitalista, criou mais uma necessidade. E assim vão se mantendo alguns (ou muitos) entretidos.
(d Trintona)

quarta-feira, 4 de maio de 2011


"Agora vives no inesgotável. Cada dia é feito de silêncios e de ruídos, de luzes e de negro, de espessuras, de esperas, de arrepios. O que importa é perderes-te mais uma vez, para sempre, cada vez mais, vaguear sem fim, encontrar o sono, uma certa paz do corpo: abandono, lassidão, entorpecimento, deriva. Deslizas, deixas- te afundar, ceder: procurar o vazio, evitá-lo, caminhar, parar, sentares-te a uma mesa, encostares-te, estenderes-te."
               (George Perec)