segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Assim entrámos nos batéis Batéis se foram de terra
tranquila quente de fim de dia
Praia ficou longe manchas de sangue desapareceram todas
mas mar não lavou
não pode lavar
Fumo de casas queimadas era preto
dançavam ao sol labaredas
Mesmo quando não houver fumo
haverá labareda
não apagará
Vimos terra desaparecer para sempre

ficar pequena como pedrinha
Vimos montes onde milho crescia e pássaros voavam
Vimos e vimos
última vez
Agora
como teremos notícias de quem fugiu
de quem morreu?
Como saberemos novas de nossos mortos?
Nunca mais beberemos água do poço
não dançaremos a bater pés na terra
como saberemos novas de nossos mortos?
Nunca mais caçaremos gazela atenta
ó criador
nunca mais ouviremos leão antes de atacar
como saberemos novas
ó cheio de cólera
como saberemos novas de nossos mortos?
                           (Um punhado de Terra, Pedro Eiras)

2 comentários:

Meio Palmo disse...

Um grande poema de um belíssimo autor!

pseudoink disse...

Concordo :)