segunda-feira, 25 de abril de 2011

Um dia memorável - 25 de Abril (3)

Vivo sempre este dia, todos os anos, com orgulho e emoção. Este e outros blogs não existiriam sem liberdade de expressão.
A democracia não é perfeita, não obstante permitiu-me estudar e construir capacidade crítica sem receio de represálias, fui para a rua e participei em movimentos de greve sem medo de retaliações. Por isso digo e grito com todas as minhas forças, até ficar sem voz e doer o peito VIVA A REVOLUÇÃO, VIVA A DEMOCRACIA, VIVA O 25 DE ABRIL!!!! E com paixão digo: sou portuguesa.
 (d Trintona)

Um dia memorável - 25 de Abril (2)

Um dia memorável - 25 de Abril (1)

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
                              (25 de Abril, Sofia de Mello Breyner)


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.

Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.

Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão…

Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que sem voz me sai do coração.
                              (Casa, David Mourão-Ferreira)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"I´ve got plenty of nothing"

Dado o enquadramento económico e social do nosso país, plantado à beira mar, penso que enriquecer não será um problema, mas sim a sua ausência. Aproveito para partilhar não só uma perspectiva distinta da nossa carência financeira ou abundância na pobreza, como um pouco da excelência vivida nos dias da música em Lisboa.
 
 

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ainda sem tecnologia... (2)

Já está!
O portátil finalmente está em excelentes mãos. Um amigo deu-me o número de telefone de um amigo e contactei-o com toda a humildade, porém desconhecendo a personalidade que ia perder o seu precioso tempo com o computador de uma mera e vulgar cidadã. Um génio da informática a perder o seu tempo e gastar as células milionárias do seu cérebro, como é possível? A vergonha senti quando soube quem incomodara com bagatelas, tendo uma hora antes entregue o portátil numa mochila com vestígios de areia (está bem um pouco mais do que vestígios) e diversos recibos enrodilhados. Não tenho desculpa. Imagino o que deve pensar. Sacrilégio, é o mesmo que entregar um documento antigo a um arqueólogo com pingas de leite e sem luvas.
Se pensam que posteriormente me redimi da profanação cometida, enganam-se. Infelizmente, como algumas pessoas neste vasto universo (pelo menos gosto de pensar que sim) quanto maior é o meu empenho em remediar algo, pior é o resultado. Isto foi a cerca de um ano. Devido ao episódio descrito anteriormente só gostaria recorrer a este senhor soberano do mundo informático como último dos recursos. Pois agora entreguei-lhe o objecto digno de atenção, cuidados e ternura numa bolsa apresentável, contudo o portátil não fecha, os ganchos partiram-se.
 Bem, se zelar por objectos inanimados é tão turbulento, cuidar de uma plantinha será uma missão quase impossível. Isto de ser tia vai ser o cabo dos trabalhos, tenho de me aplicar com afinco.
     (d Trintona)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Unwanted trash


Era maravilhoso que nos pudéssemos livrar de específicos momentos do passado, aqueles em que apenas uma ínfima lembrança nos faz doer o estômago com se tivéssemos levado um murro de um halterofilista ou sentir uma angústia, uma opressão que nos incapacita, uma sofrimento quase físico, começas a hiperventilar. Seria libertador eliminá-los como quando atiramos com convicção os objectos desnecessários, indesejados para uma fogueira. Erradicá-los do nosso consciente como se arrancam as ervas daninhas. Imaginem um ritual de libertação, começar uma nova vida cheia de possibilidades e expectativas, novos encontros, novas relações, voltar à bifurcação e escolher o caminho alternativo.
Como as ervas daninhas estes momentos indesejáveis tiveram os seus benefícios. Existe um ditado repetido de geração para geração “o medo guarda a vinha”. Como nos podemos proteger sem deixar de viver, sem nos fecharmos numa bolha, se não soubermos do que recear. Como podemos ser intrépidos sem sermos estúpidos, arriscar sem sermos irresponsáveis, audaciosos sem raiar a insensatez? O medo, a dor, o sofrimento nunca são desejáveis e evitamo-los em muitas opções que fazemos; o nervosismo, a insónia e outros sentimentos que antecedem a decisão têm essa finalidade. Contudo, esses momentos dolorosos existem, podemos ignorá-los e assim destinados a repeti-los ou podemos aprender e continuar com uma postura mais confiante e segura contudo cautelosa, astuta e sensata.
No entanto, evito o sofrimento como o diabo foge da cruz… com o ditado “não faças o que eu faço mas faz o que eu digo” defendo-me desta profunda incongruência (como se justificava a minha mãe cada vez que a confrontava com provas concretas das suas dissensões).
(d Trintona)

quarta-feira, 6 de abril de 2011


dizem que a paixão o conheceu
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice

conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo

dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nenhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos
                 (Dizem que a  paixão o conheceu, Al Berto)

sábado, 2 de abril de 2011

Ainda sem tecnologia...

Uma semana sem tecnologias e começa a desintoxicação forçada. Primeiros dias "vida malvada, existência malfadada e amaldiçoada", posteriormente um olhar esporádico desvia-se forçosamente para o espaço vazio previamente ocupado pelo portátil (uma ou duas vezes por dia). Vou na segunda semana e o Albino transmitiu-me com algum pesar que o arranjo está fora do seu alcance. Por esta altura dependo de pequenas esmolas de amigos (uns minutos em casa de um amigo, uma hora na casa de outro). Por isso os posts continuarão a ser escassos por mais uns dias ou semanas.
Com alguma mágua...
(d Trintona)

reflexões de quem não tem sono e nada produtivo em vista... (2)

Um destes dias, ou seja, há uns meses atrás, ia passeando descontraída por South Kensinghton, em Londres, uma rua bastante selecta. Como qualquer pessoa sem objectivos especificos, que vagueia, observava o mundo em meu redor e eis no que meus olhos tropeçam: um cão muito bem apresentado, o cão estava melhor penteado e vestido que eu, até tinha uns sapatinhos. Não consegui desviar o olhar até o sr. cão estar fora do meu campo de visão.  Devo confessar que por escassos minutos senti algum constragimento por estar vestida de forma tão desportiva e casual...
(d Trintona)