quinta-feira, 7 de julho de 2011

Reflexo

E ela continua a ouvir uma voz ensurdecedora vinda do mais íntimo do seu ser: fugir, tentar outra vez, é isso… depois o mundo nas tuas mãos. Olhando-se no espelho, expressando desespero e angustia pergunta “quando cessa a constante insatisfação”, a busca contínua torna-se exaustiva - pensa; “estou cansada” e repete mais duas vezes esta expressão, inclina a cabeça até os olhos fixarem o chão de madeira irregular.
Desloca as suas mãos com a pele ressequida e pequenos golpes nos dedos em direcção à face como se não a reconhece-se, no sentido de identificar o ser que estava frente ao espelho; a respiração torna-se ofegante. Permanece imóvel, procura apaziguar o tumulto de sentimentos revisitados, tenta aceitar o seu reflexo, tenta aceitar-se. Passam 5, 10, 15, 20 minutos. Desvia-se, com uma espécie de resignação, inclinando cada vez menos esporadicamente a cabeça para o espelho.
Este cenário repete-se por semanas, meses, anos… E vai saltitando de registo para registo, sem assentar, sem construir, as desculpas estão mais que gastas contudo ainda encaixam num puzzle cheio de inconsistências…     
(d Trintona)

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