sexta-feira, 4 de março de 2011

Uma matriz de cinzentos


No Tibete a meditação, paz e comunhão/simbiose com a natureza ditam o quotidiano tibetano. Estes princípios não são linhas orientadoras, são cumpridas religiosamente e transmitidas de geração para geração. Sem hipocrisias, sem diversos tons de cinzento. Contudo fora do Tibete os cânones são outros, a matriz é dispersa, onde as leis são aprovadas para serem obedecidas por uns e corrompidas por outros. Ainda é mais verdade quando se fala da China. O Tibete harmonioso e perseverante está cada vez menos isolado de um mundo sombrio, onde a ganância e a luta pelo poder impera perante uns “gatos-pingados” que lutam de forma pacífica e legítima pelos direitos deste povo cujo crime cometido foi ser ingénuo, íntegro e desprendido das leis materiais. O resultado é morte, destruição, cepticismo.
Quando somos jovens tendemos a ser incisivos, onde existe mal e bem, certo e errado, lutamos pelo que acreditamos, posições claras são expressas e bem definidas. Quanto ao adulto calejado, realista, pouco crente na raça humana é outra história. Existem diversas tonalidades de cinzento, sendo a expressão “não é tudo preto ou branco ” reiterada.
Creio que a China não chegaria tão longe com tanta agilidade sem colaboração. O mundo ocidental que critica ferozmente esta depredação, noutra dimensão arquitecta juntamente com a China tal devastação. Claro, glória negada e feito simulado, pois não seriam aplaudidos, os que erguem o estandarte dos direitos humanos envolverem-se em tal flagelo. Por isso contentam-se com a partilha dos lucros.
Pobres tibetanos que desconheciam a ironia, a perfídia e o crime. Irá ser uma aprendizagem contínua, contudo, só num sentido, porque nós preferimos ignorar esta cultura fascinante. Talvez um dia percebamos que a sobrevivência do ser humano como espécie depende da prática desses valores tão nobres.
(d Trintona)

Sem comentários: